Café Bagdad

À conquista das palavras...

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Location: sintra, Portugal

I was born in Mozambique. I'm Portuguese, but my heart is half Portuguese, half African. I'm still thinking that one day we can change the world.

Monday, January 03, 2011

Ano Novo, Vida Velha?

Ano Novo, Vida Nova!

Costumamos dizer sempre isto. Novas resoluções que se ficam no papel. Pouco mais.

Vontade não falta de mudar. Mas, pergunto eu - mudar o quê?

Parece-me que, cada vez mais, se vai assistindo a Ano Novo, Vida Velha. Será da idade? Será do cansaço? Das desilusões? Quero pensar que não, que se deve apenas ao facto de que nada de importante tem mudado. Ou tem tudo mudado para pior, em todo o lado, qualquer que seja a latitude ou longitude.

Na verdade, já vamos no terceiro dia de 2011, e continua tudo na mesma.

Toca a arrebitar para podermos avançar para um caminho novo, mais feliz para todos. Haja perseverança e vontade de viver. Vamos todos, finalmente, mudar o mundo?

Estou pronta para lutar. E vocês?

Wednesday, June 09, 2010

Serge Lama = Et d'Aventure en Aventure =

Serge Lama = Et d'Aventure en Aventure =

Thursday, May 27, 2010

O tempo voa

Com o avançar dos anos, reconheço que a minha avó tinha razão, o tempo voa.

Olho para trás e vejo que, apesar de tanto tempo ter passado, muita coisa mudou no mundo, mas o mundo não mudou nada. Ou, se mudou, não foi para melhor.

À nosa volta, só vemos jovens a viverem com empregos precários, quando não estão desempregados. Reformas miseráveis. Descontentamento geral, aqui e em todo o lado.

Criticamos tudo e todos. Os governos são culpados de tanta coisa, mas o que é que nós fazemos para melhorar o mundo? Qual foi o meu contributo individual para essa melhoria? Interrogo-me a esse respeito, e fico sempre receosa de não ter sido suficiente.

Por mais que tente, não consigo entender - ou participo muito pouco ou há demasiados a não contribuírem nada. O balanço é muito negativo.

Continuamos a ter uma sociedade em que, até nos países mais ricos, a pobreza alastra. Mas alguns engordam ainda mais. Porque será?

Há trinta anos a fazer descontos, pergunto a mim própria para onde foi o meu dinheiro.

Recordo-me de quando uma amiga me disse que o filho andava doente e que estava a pensar levá-lo ao Estádo da Luz. Corrigi-a de imediato. Mas não era hospital, era mesmo estádio que ela queria dizer. Sorrrimos quando falamos disto, mas fica um gosto amargo, ao reflectirmos melhor.

Temos todos de tentar dar a volta a esta crise! É fraqueza desistir da coisa começada, segundo Camões. Toca a ir estrada fora. Espero encontrar muita gente pelo caminho, sorridente, optimista, mangas arregaçadas, pronto a lutar por um mundo melhor.

Wednesday, April 15, 2009

A COR DA PELE ou A COR DO DINHEIRO

Eis-me de volta. Apetece-me opinar.

Neste último ano, feito de quedas nas bolsas, inflação, deflação e quejandos, assistimos a mudanças na sociedade impensáveis há um ano.

Esperava-se demasiado da chegada de Obama ao poder. Que sacudisse o pessimismo, mas tal não aconteceu ainda. É cedo, dirão os mais optimistas. Hum hum, digo eu, sempre apostada na concretização dos meus sonhos, de quando em vez, feitos realidade.

O disparate todo foi pensar-se que a cor da pele podia mudar alguma coisa. Deu mais esperança a uma sociedade decadente, já não foi nada mau. Todos ficaram contentes, mas Wall Street continuará a mandar e o resto será paisagem.

Quando se pertence a uma classe de poder, qualquer cor, tamanho ou idade são aceites. Só os inocentes acham que assim não é. Não será a cor da pele que irá mudar o mundo, por mais emocionante que os discursos sejam.

Sinceramente, alguém pensa realmente que o mundo pode mudar pelo simples facto de um mestiço ser eleito presidente dos EUA? Digo mestiço porque abunda a ignorância sobre a distância entre um mestiço e um africano. Deixo um espaço em branco para a digestão desta afirmação. Interpretação livre.





Sendo europeia-africana, estou ansiosa que o exemplo de Obama se reproduza, em África, permitindo que alguém da minha raça se candidate a qualquer cargo político nos países onde nasceram. Apenas a cor da pele é impeditiva, por enquanto.

Para que não haja más interpretações, quero deixar bem claro que sempre lutei pela independência da terra onde nasci. Tive o sonho de Moçambique ser, de facto, a terra de todos os Moçambicanos. Entre os melhores amigos, tenho a felicidade de contar com pessoas de todas as etnias (agora, sim, estou a ser politicamente correcta).

Mais que o racismo da cor da pele, pesa o racismo da cor do dinheiro. É ver vedetas serem apaparicadas por aqueles que evitam roçar um ombro mais trigueiro, num espaço público.

Deixemos esse grande mestre que é o tempo passar. Que Obama continue a dar-nos esperança!

Thursday, March 27, 2008

Olhando para o passado

Maria Cavaco Silva foi a Moçambique para matar saudades. Do liceu, da terra, das gentes, daqueles tempos que nos deixaram marcados para sempre.

Mas há, obviamente, que olhar o passado, sem complexos, mas pensando no futuro, para que não se repitam os mesmos erros.

Há dois anos estive lá e adorei, todos sabem que regressei encantada com a minha terra. Mas deixou-me triste ver o neocolonialismo que por lá se instalou, não tanto de portugueses, verdade seja dita. Outros há que têm sabido aproveitar bem melhor a fraqueza de quem é tão vulnerável.

Gostaria muito que todos visitássemos, de vez em quando, a nossa terra. Ainda bem que vão pôr mais um voo semanal, espero que baixem os preços dos bilhetes, se assim não fizerem, não vai adiantar nada.

Também espero que os senhores do turismo se dêem conta de que os preços praticados são absolutamente exorbitantes, completamente fora de contexto, sobretudo quando vemos todos os pacotes de destinos exóticos a serem vendidos quase a metro. Umas férias em qualquer praia de Moçambique sai o triplo de umas férias nas Caraíbas.

Conjugando a boa vontade na política de preços e a saudade de quem lá viveu, será mais fácil para nós, portugueses, olharmos o passado para podermos corrigi-lo, sempre que possível.

A saudade é um sentimento bem português que ajudará, certamente, a fixar este olhar.

Tuesday, February 19, 2008

NADA DE NOVO - COMO É POSSÍVEL ?

Olho para trás, no tempo, e verifico que tudo continua na mesma. Como é possível?

Vivemos num país em que nada muda - quando alguma coisa muda, é para pior.

Veio o Natal, fomos bonzinhos, generosos, amorosos, foi-se o Natal, fora com isso tudo, toca a passar a perna ao parceiro, tirar o tapete, deixá-lo sem rede. Enfim... não falo por mim, mas sim daquelas "avis raras" que aparecem muito boazinhas, para desaparecerem logo de seguida, reaparecendo sem máscara.

Máscara, máscara... o Carnaval já passou. Ainda bem, podemos voltar a usar a máscara 365, que este ano é a 366.

Estamos na Quaresma, quase a chegar à Páscoa. Vamos outra vez fingir que somos bonzinhos? Que gostamos dos pobrezinhos, ainda que seja só por uns dias? Logo a seguir, podemos voltar ao que somos.

Se pensarmos bem, no meio disto tudo, se formos fazendos uns intervalos na maldade, sempre há uns dias durante o ano em que somos menos execráveis.

Pareço mais amarga do que é normal, mas é por causa da chuva. Aquela chuva que caíu ontem e nos deixou, novamente, tal como em 1967, perante a nossa imagem de sempre - nada mudou, só as minhas rugas, o meu peso, os meus cabelos brancos. Porque a impreparação, o "desenrasca", o desespero, são iguazinhos. Nada de novo, apenas e sempre, o mesmo fado.

Será a isto que chamam fado? Se é, temos de criar outro tipo de "música". Porque esta já não dá, nada muda, tudo fica na mesma. Temos de tentar mudar. Pelos nossos filhos.

"Pelos nossos filhos" - ouvi esta frase, este propósito, precisamente há 29 anos. Na altura, eu era "filha". Já tenho idade para ser avó...

Como eu dizia, nada de novo - como é possível?

Sunday, November 18, 2007

JÁ É NATAL

Logo a seguir ao pequeno almoço, mobilizei o meu marido para começarmos o Natal. Lá fomos decorar o pinheiro que temos no jardim. Ele sempre a achar esta minha fantasia um poucochinho infantil para a minha idade, que eu aindo sinto ser a das ilusões.

Enquanto escolhia os enfeites, regressei à minha infância, essa, sim , a idade das ilusões. A maior parte delas, não se concretizará nunca, mas tem valido a pena pelas que se transformam em realidade.

Quando era pequenita, acreditava que o Natal era mais meu que das outras pessoas. Porque nasci a 24 de Dezembro, o dia mais lindo do ano, aquele em que ainda suspiramos pelas prendas que hão-de vir, ou não. O dia 25 é o repouso, o 24 é a paixão ao rubro, a verdadeira febre do Natal, que desaparece com os papéis amarrotados e os laçarotes desfeitos.

A minha avó convencia-me que a árvore era minha, as bolas eram minhas, o dia era meu. E eu acreditava, queria acreditar... a minha irmã fazia sempre uma enorme festa de aniversário em Novembro, muitos convidados, muita alegria, prendas, familiares e amigos a entrar e sair, denfim, um rodopio.

Quatro semanas depois, chegava o Natal, que era festa para toda a gente, poucos se lembravam de mim, na melhor das hipóteses, uma visita-relâmpago e um presente para mim, outro para a minha irmã, para ela era sempre a bisar, de Novembro a Dezembro. Ainda hoje, penso que a minha avó tentou compensar-me, criando em mim a fantasia do "meu " Natal. Para que eu não me sentisse tão só e esquecida.

A avózinha ia para a baixa, às compras, cometia as maiores loucuras, perdia-se por completo com as bolas de Natal. No regresso da escola, lá estava ela, para me dar aquelas "prendas", coloridas, brilhantes e quebradiças. Para a minha árvore de Natal, dizia sempre, com ar persuasivo.

Mas o mais importante do Natal é a partilha, foi com ela que aprendi isso, e ainda continuo a gostar de comprar para encher os outros de alegria. Nesta quadra, a tendência é dar prendas por obrigação social - não seria melhor se instituíssemos o Natal como forma de vida, não esquecendo nunca os mais desfavorecidos, os refugiados de guerra, dando amor e solidariedade durante doze mes por ano?!?...

Pois é, pensei nisso tudo enquanto fazíamos a nossa árvore de Natal. Já que não pode ser todo o ano, oferecemos aos vizinhos uns minutos diferentes, sobretudo quando vão para a paragem de autocarro, mesmo aqui em frente.

A intenção é que, ao pararem, se interroguem "porquê tão cedo?" e nos seus corações surja a única resposta possível "porque tem de ser Natal todo o ano". Que tentem ser mais simpáticos com aqueles com quem se cruzam, mais solidários e prestáveis no trabalho, nos transportes,enfim, por todo o lado. Só uma mudança de atitude ajudará a melhorar o mundo.

Já é Natal, toca a melhorar!.. Ou isto não passará tudo de uma farsa em que nos permitimos ser bonzinhos durante uns dias, para aliviar as consciências pesadíssimas de todos os erros voluntariamente cometidos ao longo do ano.

Fico cheia de esperança que a nossa árvore de Natal ajude à reflexão e mobilização para um mundo cada vez mais bonito e bom, para todos. Que este Natal todos se esforcem por melhorar a vida dos outros, distribuind sorrisos, amor, simpatia, carinho, sem esquecer de pressionar o poder político - só será o meu Natal quando não houver guerra e fome.

Foi para esse Natal que a avózinha me preparou, generosa como era. Será que vou morrer sem ter vivido o meu Natal, aquele, o verdadeiro, de que ela me falava, como se um dia fosse acontecer?...

Dedico este Natal à minha filha. Quando ela acordar e levantar a persiana, vai ficar radiante, ao ver a árvore. Ela e a geração dela têm de conseguir aquilo que eu não fui capaz - um Natal para todos.